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7 de abril de 2025

O retorno ao multiverso da loucura "Os discursos insolentes de Malafaia, Nikolas e Michelle me tiram do sério"

  

Apoiadores de Bolsonaro reunidos na manifestação contra o processo judicial de Bolsonaro e para exigir a anistia de todos os acusados __de participar da conspiração para derrubar o governo, em São Paulo SP. Foto Reuters/Amanda Perobelli.

Vesti meu disfarce fascista – boné preto, camiseta caqui militar e óculos escuros, sobre uma calça jeans rasgada e botas – e entrei em nova viagem alucinógena por uma realidade alternativa em que zumbis da terceira e da quarta idades envergavam aquele verde-amarelo que um dia me deu orgulho e hoje me enche de asco. 

Idosas extravagantes, com as caras empastadas por maquiagem pesada, calças justíssimas, muitas vezes de couro preto, e camisetas verde-amarelas em paetês e outros tecidos brilhosos; homenzarrões barrigudos e corpulentos, todos nas cores de bananas quase maduras, aquele amarelo esverdeado. 

Há, também, raras pessoas de aparência muito humilde que destoam daquela maioria de gente de origem indo-europeia, caucasiana ou árabe –- e aparência endinheirada. 

Homens de meia-idade de aparência próspera, cabelos platinados, estereótipos de empresários ricos, alguns homens muito fortes e altos, aparência de leões de chácara, e as peruas ostentando entre 40 e 70 anos.

Uma ou outra criança, em geral com as famílias pobres. Muitos cães comprados pela raça e vestidos com bandeiras do Brasil. 

Vou flanando pela avenida onde um ou outro amarelinho se dirigia ao Masp, onde estaria o trio elétrico de Bolsonaro e cia., até que vejo uma aglomeração deles, como sempre, diante da Fiesp. Reaças cultuam a Fiesp. É fetiche. Ficam grudadinhos uns ao outros, socados diante de telões que a Federação dos industriais invariavelmente coloca diante da sede nos dias das manifestações fascistas do Jair.

Passo a Fiesp, mais clareiras com esparsos amarelinhos – parece haver até menos gente que no 7 de setembro. Encontro uns “doutores” bem-humorados e me aproximo. Minha mulher puxa papo com eles pra me ajudar no approach. Diziam, entre si, que “a USP diria que a manifestação teve 600 pessoas”. Perguntei quantos acham que havia. Respondem que, “no mínimo, 500 mil”. 

Detalhe: segundo o Datafolha divulgou em 2015, na avenida Paulista inteira não cabem mais do que 300 mil pessoas. Talvez empilhando...

Os discursos insolentes de Malafaia, Nikolas e Michelle me tiram do sério. Malafaia ameaça com “generais de quatro estrelas”, Nikolas chama o presidente do STF de “bandido” e Michelle ameaça a família de Moraes...

Até quando? Escória maldita. 

Havia, socando toda aquela escória junta, no máximo três quarteirões deles. Chutei: de 40 a 50 mil. Ficou no meio, segundo a Monitor do Cebrap e da USP – 45 mil.

Gravei um vídeo em que gritava que ali era celebrado o último suspiro do nazifascismo bolsonarista. Gravei em vídeo. Está no Canal do Blog da Cidadania. Minha mulher quase surtou. Ficou apavorada. Ninguém me interpelou, mesmo ouvindo. Acho que perceberam que não valia a pena contrariar um pirado como eu, que grita aquilo no meio de zumbis ferozes. 

Sorte deles. Malditos nazistas.

Autor: Eduardo Guimarães – Responsável pelo Blog da Cidadania. Publicado no Site Brasil 247.

Polarização, Anistia e os Riscos para o Estado de Direito!

  

Manifestantes pedem anistia em ato pró Bolsonaro - Thenews2 - Folha press.

Decisão do STF que torna Bolsonaro réu reacende debate sobre limites da anistia.  A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de tentativa de golpe de Estado, trouxe à tona um debate acalorado sobre os limites da democracia e a responsabilidade de líderes políticos em momentos de crise. O caso, que envolve alegações de ações para subverter o processo democrático, gerou reações polarizadas na Câmara dos Deputados, com aliados defendendo o ex-presidente e atacando as instituições e opositores apoiando a PGR e comemorando o indiciamento. Este episódio reflete não apenas as tensões políticas atuais, mas também os desafios enfrentados pelas instituições brasileiras em garantir a estabilidade democrática.

Em relatório publicado pelo Instituto Democracia em Xeque, o instituto demonstra que entre os dias 18 e 19 de março, após o anúncio, os deputados federais e senadores, realizaram 594 publicações sobre a temática, gerando um total de 1.975.851 interações. O engajamento foi dominado por partidos de direita, que concentraram 58,9% das interações, seguidos pelos partidos de esquerda, com 35,9%, e pelos de centro, com 5,1%. Entre os parlamentares, alguns se destacaram: Flávio Bolsonaro (PL-RJ) liderou o engajamento na direita, com 11,8% das interações; Lindbergh Farias (PT-RJ) foi o principal nome da esquerda, com 6,1%; e André Janones (AVANTE-MG), embora filiado a um partido de centro, alinhou-se ao campo democrático e à base governista, registrando 3,3% das interações.

O relatório ainda demonstra que Perfis alinhados à esquerda e à imprensa celebraram o indiciamento, utilizando hashtags como #BolsonaroNaCadeia e #SemAnistia. Parlamentares como Sâmia Bonfim (PSOL-SP), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) destacaram a "abundância de provas" e defenderam a responsabilização de Bolsonaro. Publicações do PT e de Guilherme Boulos (PSOL-SP) somaram centenas de milhares de interações, reforçando a narrativa de que o ex-presidente "tramou um plano para matar Lula". Já os aliados de Bolsonaro reagiram com críticas às instituições, acusando-as de "perseguição política". Parlamentares como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Carlos Jordy (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) alegaram "falta de provas" e "fragilidade jurídica" na denúncia. No YouTube, vídeos do canal do Mario Frias (PL-SP) questionaram a imparcialidade do STF e vincularam o indiciamento ao "medo da vitória de Bolsonaro em 2026". Em conjunto a isso, os parlamentares intensificaram o chamado para que o povo vá às ruas e exija o fim dessas perseguições.

O embate reflete a polarização que persiste no Congresso, com a direita mantendo influência nas redes estratégicas, como YouTube e X, mesmo sob pressão institucional. O tema deve seguir aquecido, especialmente com a convocação de manifestações pró-Bolsonaro em março e a proximidade das eleições de 2026.

Na última semana (26/03), com a formação de maioria na Primeira Turma do STF para aceitar a denúncia da PGR e tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados por tentativa de golpe, o caso entrou em uma fase decisiva. A decisão judicial reforça a pressão sobre aliados investigados, incluindo generais e auxiliares diretos, que agora enfrentam formalmente acusações de atentado ao Estado Democrático.

Nas redes sociais, a medida intensificou a polarização: de um lado, setores progressistas celebram o fato de Bolsonaro ter virado réu, enxergando a decisão como uma "vitória da Justiça". A deputada Erika Hilton (PSOL-SP), por exemplo, destacou em publicação no X que os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro "estão presos por ataques violentos às forças de segurança, às instituições públicas, ao patrimônio da União e à ordem democrática". Já o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), além de comemorar o indiciamento, alertou para movimentações internas de aliados de Bolsonaro que buscam garantir maioria na votação de um projeto de anistia. A proposta, que inicialmente abrangeria os acusados dos atos de 8 de janeiro, foi ampliada para incluir "todos os atos desde o dia da eleição" de 2022 medida criticada por Boulos como uma tentativa de "legalizar o golpe".

Do outro lado, parlamentares conservadores ampliaram as críticas ao STF, acusando-o de "ativismo político", "mafioso" e de promover um "justiçamento" em vez de um julgamento imparcial, como afirmaram os deputados Marcel Van Hatten (NOVO-RS) e Carol de Toni (PL-SC). Paralelamente, ganham força nas redes convocações para novas manifestações em defesa da "anistia ampla" e dos "direitos dos patriotas". O deputado Mario Frias (PL-SP), por exemplo, publicou no X que "o povo acordou" e que o projeto de anistia é uma resposta aos "absurdos das prisões e punições cometidas pelo Estado", reforçando o discurso de vitimização que mobiliza a base bolsonarista.

A denúncia contra Jair Bolsonaro e a decisão do STF de torná-lo réu não apenas aprofundaram a crise política, mas expuseram uma divisão profunda tanto nas redes sociais como no parlamento. Enquanto setores progressistas veem no processo judicial um freio à impunidade, a direita bolsonarista instrumentaliza o debate para alimentar narrativas de perseguição e pressionar pela aprovação de uma lei de anistia ampla projeto que, se aprovado, representaria uma ameaça sem precedentes ao Estado de Direito.

A proposta de anistia em discussão, que busca abranger todos os atos desde o dia da eleição de 2022, ecoa experiências traumáticas do passado. No Brasil, a Lei da Anistia de 1979, embora crucial para a transição democrática ao conceder perdão aos perseguidos políticos durante o regime autoritário, perpetuou a impunidade de agentes da ditadura por crimes contra a humanidade, enterrando a possibilidade de justiça por décadas. Globalmente, iniciativas similares tiveram desdobramentos controversos: na Espanha, a Lei de Anistia de 1977, após o franquismo, silenciou investigações sobre tortura e assassinatos, alimentando até hoje disputas sobre memória e reparação. Nos Estados Unidos, foi concedida a anistia aos participantes do ataque ao Capitólio em 2021 após a eleição de Trump.

A proposta atual surge para blindar acusados de planejar um golpe em plena vigência da democracia. Se aprovada, a medida normaliza a ideia de que ataques às instituições podem ser perdoados por conveniência política um precedente que corrói a própria noção de accountability.

O momento exige um julgamento concreto e transparente. A democracia brasileira não pode repetir os erros de anistias que privilegiaram a conciliação em detrimento da verdade. A falta de responsabilização por crimes graves alimenta ciclos de violência e desconfiança. Nas redes e no Congresso, a batalha narrativa seguirá acirrada, mas é nas instituições que reside a esperança de um freio à escalada autoritária.

Autor: Coletivo Legis-Ativo - Djiovanni Marioto. Publicado no Site Congresso em Foco.

6 de abril de 2025

Jair de Souza: A insuperável podridão das classes dominantes ocidentais!

  

Cenas do Brasil escravocrata. 2) Prisioneiros do campo de concentração nazista de Mauthausen libertados em 5-05-45. 3) Devastação da Faixa de Gaza por Israel. Fotos Arquivo Nacional, Wikimedia Commons e Unicef.

Desde que a história dos seres humanos começou a ser retratada com base em estudos amparados em dados confiáveis, as classes dominantes de origem europeia vêm despontando como o que de mais sórdido e nefasto a humanidade já gerou.  Não pretendo de modo algum dar a entender que as elites de poder dos povos não ocidentais se caracterizam por sua pureza e bondade. Esta, absolutamente, não é minha intenção.

O que estou procurando destacar é o insuperável nível de crueldade e insensibilidade daqueles que têm estado no comando das rédeas das nações de extração europeia, em contraposição ao que ocorre em todos os demais grupos humanos. Inegavelmente, em todas as oportunidades em que forças vindas de outras partes avançaram sobre regiões já habitadas por outros grupos humanos, os resultados sempre foram de fortes sofrimentos para os povos subjugados.

Contudo, as desgraças provocadas pela expansão ocidental ao redor do planeta ultrapassam em muito toda a perversidade que temos conhecimento de ter sido praticada ao longo da história. Tão somente com um breve repasso da presença usurpadora das forças do Império Romano naquele lugar que hoje denominamos de Oriente Médio, ficam evidentes as marcas deste desrespeito ao direito de os povos continuarem vivendo nos territórios que tradicionalmente já ocupam há muito tempo.

Estamos nos referindo exatamente àquela região associada à figura de Jesus, cujos nome e simbolismo costumamos respeitar e valorizar. Por que as legiões de um Império sediado na Europa Ocidental deveriam comandar os destinos de terras localizadas em outro continente e habitadas por povos que nada tinham de europeus? A resposta a esta indagação nos remete aos primórdios do conceito que atualmente designamos como colonialismo. Assim, a grosso modo, podemos estabelecer nesta etapa os marcos iniciais do expansionismo europeu, que nos afeta negativamente até os dias atuais.

Convém recordar que, para exercer seu domínio sobre aquelas pessoas que nada tinham a ver com a etnia e a cultura romanas, as forças colonialistas se aliaram aos setores das classes dominantes locais. Estas, por sua vez, recorriam à manipulação da religião para garantir a manutenção de seus privilégios. Devemos ter sempre em conta que as práticas de Jesus representavam uma luta ferrenha em favor das classes mais humildes, com o propósito de ajudá-las a sair do estado de penúria em que eram forçadas a viver.

Assim, é também de muita relevância que não nos esqueçamos do fato de que ele foi preso e executado por soldados ocupantes romanos por orientação dos líderes religiosos locais de então. Isto explica a razão pela qual a adesão a suas pregações tenha surgido e se desenvolvido inicialmente entre as massas de gente humilde, e não entre as camadas ricas e poderosas. Por então, seus seguidores tinham de se reunir às escondidas, para fugir das perseguições das autoridades romanas e dos líderes do judaísmo oficial. A partir das experiências desenvolvidas nessa etapa inicial, as classes dominantes romanas aprimoraram sua destreza em manipular os conceitos e as palavras para, desta maneira, usá-los em favor de suas ambições e seu egoísmo.

Tanto assim que foram capazes de se apoderar do legado de Jesus, de modo a atribuir-lhe um significado diametralmente oposto ao de seus propósitos originais. Como já expusemos mais acima, a pregação do Nazareno se caracterizava por seu desejo de defender as causas dos setores sociais mais carentes e explorados. Entretanto, os representantes dos interesses imperiais e colonialistas das classes dominantes ocidentais se dedicaram a falsificá-lo e deturpá-lo com o objetivo de torná-lo um poderoso instrumento para reforçar sua hegemonia sobre as massas populares e para facilitar sua devastadora expansão sobre todas as demais nações de todos os outros continentes. Foi assim que, apesar de que seu intuito original era atender e socorrer os mais necessitados, a figura de Jesus foi alvo de um monstruoso processo de manipulação.

Com isto, produziu-se uma completa metamorfose, da qual surgiu uma ideologia político-religiosa que desempenharia um papel fundamental na expansão do colonialismo europeu: o cristianismo. Desta forma, o cristianismo se tornou uma portentosa arma destinada a subjugar e exterminar povos e nações ao redor do mundo, com vista a fazer prevalecer os interesses materiais do colonialismo ocidental. Portanto, é muito importante que tenhamos em mente que essa religião, criada e impulsionada pelas classes dominantes ocidentais, nada tem a ver com aquele de cujo nome ela se aproveita. Na verdade, o que se consolidou desde sua elevação à categoria de religião oficial do Império não foram as pregações e os ensinamentos daquele que perambulava entre os setores populares da Palestina de seu tempo, senão que sua desvirtuação completa, com a perda das bases humanitárias que lhe serviam de sustentação.

Foi com base nesta ideologia inteiramente contrária ao legado de Jesus, mas recorrendo fraudulentamente a seu nome, que as classes dominantes ocidentais se lançaram à empreitada que veio a representar o maior morticínio já causado entre os seres humanos por outros seres humanos. Em decorrência, nas Américas, na África, na Ásia e na Oceania, as classes dominantes da Europa Ocidental assassinaram milhões e milhões de pessoas, exterminando quase que por completo inúmeros povos, nações e culturas, em genocídios de proporções inimagináveis. Embora a presença do flagelo da escravidão possa ser detectada em várias situações há muito tempo, tão somente as classes dominantes europeias a transformaram num modo de produção aplicado de forma generalizada para fins de obtenção regular de lucros comerciais.

Decididamente, a estruturação da economia com base no trabalho escravo é mais uma das criações desses que gostam de se apresentar como o símbolo do melhor da humanidade. No entanto, a perversidade das classes dominantes do chamado mundo ocidental estava longe de se haver esgotado após a consecução dos abomináveis crimes de genocídio levados a cabo nessa fase em que predominaram o colonialismo e a escravidão. Ainda havia muito ódio e ignomínia a demonstrar. E as classes dominantes de extração europeia se esmeraram para provar que eram capazes de se superarem, como de fato o fizeram. Entre as outras obras primas das classes dominantes ocidentais de origem europeia podemos citar o apartheid, o nazismo e o sionismo.

                                     Fotos: Reprodução do perfil @soupalestina

O apartheid, que desgraçou a vida de milhões de africanos, foi levado à África por iniciativa das classes dominantes holandesas. Em seu afã de se apropriar das riquezas do continente africano e abusar da exploração da mão de obra de seus habitantes autóctones, os colonizadores europeus edificaram um dos sistemas mais horripilantes de discriminação de cunho racial. Foram necessárias várias décadas de luta e sofrimento para que esse produto da maldade pudesse ser derrubado. Mesmo assim, seus efeitos maléficos se estendem até nossos dias. Já o nazismo é um genuíno fruto dos que gostam de ser tomados como o suprassumo da civilização europeia e, devido a isto, de toda a humanidade: as classes dominantes germânicas.

Com o nazismo, os grandes capitalistas alemães e de várias outras nações europeias deixaram evidente que não há limites para a prática de atrocidades contra outros seres humanos. No intuito de combater os possíveis riscos para a manutenção de seu domínio social, os paladinos da defesa dos interesses do grande capital na Alemanha e em outros países da Europa não hesitaram em desenvolver as técnicas para causar a morte e o sofrimento em escala industrial.

Os campos de concentração e os fornos da morte do nazismo também foram gerados por mentores das classes dominantes ocidentais de pura cepa europeia. E, quase que como uma síntese cumulativa de todas as perversões gestadas por iniciativa das classes dominantes europeias, temos atualmente o sionismo. Esta ideologia a serviço do grande capital também é cem por cento de origem europeia, sem ter absolutamente nada a ver com os antigos povos hebraicos que habitavam a região do Oriente Médio no passado.

O sionismo é algo equivalente ao nazismo, com a diferença básica de ter sido propulsionado por ideólogos europeus com vinculações pretéritas a gente que professava o judaísmo. O sionismo incorpora em sua essência o espírito do colonialismo, do apartheid e, em consequência, do nazismo. Suas maiores vítimas diretas são os povos que já habitavam a região da Palestina há milênios, os quais têm sofrido um intenso processo de perseguição, usurpação e extermínio, que visa instalar em suas terras os colonos europeus e seus descendentes, que foram para lá conduzidos pelos movimentos sionistas formados na Europa.

A crueldade praticada contra a indefesa população palestina pelas forças militares e paramilitares a serviço do sionismo europeu não deixa margem para dúvidas de que os sionistas assimilaram à plenitude a podridão produzida pelas classes dominantes ocidentais ao longo dos séculos. Porém, é muito importante que não nos deixemos levar por uma falsa percepção. Os grandes inimigos da humanidade não são os povos europeus, e sim suas classes dominantes.

As massas populares dos países da Europa são, na verdade, importantes aliados de suas contrapartes dos países periféricos. Os movimentos e partidos dos trabalhadores europeus, assim como seus teóricos, deram contribuições inestimáveis em favor dos processos de emancipação das classes trabalhadoras do mundo inteiro. Com eles, aprendemos a valorizar o sentimento do internacionalismo proletário e a busca pela unidade dos povos. Por isso, é muito gratificante constatar que as lutas dos povos vítimas do colonialismo e imperialismo originados nos centros oligarcas do Ocidente têm contado com o apoio resoluto de movimentos de massas populares nos países europeus, assim como nos Estados Unidos. Isto se mostra ainda mais evidente nos cruciais momentos que estamos atravessando.

Em protesto contra o genocídio que as forças armadas do sionista Estado de Israel estão cometendo contra o povo palestino, estão ocorrendo amplas mobilizações de massas nas principais cidades da Europa. E ainda mais reconfortante é constatar uma nutrida e intensa participação nas mesmas de pessoas de ascendência judaica, o que ajuda a corroborar a compreensão de que judaísmo e sionismo não são para nada equivalentes. Para que não subsista nenhuma incompreensão, ser judeu e ser sionista são coisas muito diferentes.

Assim como não podemos estender a pecha de nazista ao conjunto dos alemães, o termo sionista não pode de maneira nenhuma ser empregado para designar a todos os que se identificam como judeus. Em resumo, tudo o que expusemos nas linhas anteriores tem por objetivo ressaltar a compreensão de que todos os povos do mundo podem e devem viver em solidariedade e harmonia. Os verdadeiros responsáveis pelas guerras e outras desavenças entre os grupos humanos costumam ser suas classes dominantes, ou seja, aqueles setores que vivem à custa da exploração do trabalho dos restantes.

Dentre os exploradores, os que mais têm se destacado negativamente ao longo do tempo são as oligarquias formadas nas nações ocidentais. Embora estas pretendam atribuir-se a qualificação de modelo exemplar a ser seguido por todas as demais, representam de fato a podridão maior já atingida pela humanidade.

Autor: Jair de Souza – é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ. Publicado no Site VioMundo.